Quando todo mundo quer falar, quem escuta?

Estamos cercados de vozes por todos os lados. Mas, por dentro, cada vez mais sozinhos. E isso tem nos adoecido, devagar e em silêncio.

Hoje, mais do que nunca, as pessoas estão falando. Nas redes, nos grupos, nos áudios, nos comentários.
Mas o que vejo e sinto é que quase ninguém está realmente sendo ouvido.

Ouço com frequência:
“Tentei desabafar, mas fui cortada. Acabei ouvindo um problema que nem era meu… e me calei de novo.”

Esse “de novo” se repete em atendimentos, rodas terapêuticas, conversas do dia a dia.
Gente que cria coragem de falar… mas bate na ausência do outro.
Não é a falta de palavras. É a falta de presença.

Vivemos um tempo de excesso de fala e escassez de escuta.
Estamos hiperconectados e profundamente distantes.
A cada instante, somos atravessados por notificações, comparações, opiniões, cobranças.
E quando alguém decide abrir o peito…
É interrompido. Atropelado. Invalidado.
Ou vê o outro pegar carona na conversa e começar a desabafar também, como se fosse uma competição de quem carrega mais dor.

E aí, mais uma vez… o silêncio.

Mas não o silêncio bom.
É o silêncio do engasgo, do nó na garganta, da desistência emocional.

A pessoa se cala.
Por cansaço.
Por não encontrar espaço.
Por acreditar, lá no fundo, que ninguém vai escutar mesmo.

E isso me preocupa.
Porque estamos nos afastando de nós e uns dos outros.
Esquecendo que escutar é um ato de amor.
E que ser ouvido com presença, sem pressa e sem julgamento… pode salvar vidas.

Vivemos em um tempo de excessos: de informação, de estímulo, de ruído.

Estamos tão cheios por dentro e por fora que, mesmo querendo, muitas vezes não conseguimos escutar.
Estamos mentalmente exaustos.
Ouvimos para responder, comparar, resolver.
Mas ouvir para acolher… ah, isso está ficando raro.
E é grave.
Porque todo mundo quer falar.
E todo mundo precisa ser escutado.

Nesse cenário, surgem os julgamentos rápidos, os haters, os ataques gratuitos.
A internet nos deu voz, mas também nos colocou em arenas.
A cada dedo apontado, mais gente se retrai.
Com medo de ser mal interpretada.
De não ser compreendida.
De ser ridicularizada por sentir.

E o que sobra disso tudo?

Silêncio.
Mas não aquele que acalma.
É o silêncio que sufoca.

Como terapeuta, tenho o privilégio de ser um espaço seguro.
Todos os dias escuto histórias que, às vezes, são ditas pela primeira vez.
Medos, culpas, traumas, decisões difíceis, sonhos engavetados…
E sabe o que mais me toca?
É que só de serem escutadas com verdade, muitas dessas pessoas já começam a se curar.

E sim, eu também vivi o ciclo do calar.

Por trás da terapeuta que escuta, existe uma mulher que já engoliu sentimentos por medo de incomodar.
Muitas vezes, bastava eu dizer que era terapeuta e logo o outro começava a desabafar.
Como se isso me tornasse automaticamente disponível.
E naquele instante… a Dri que também precisava ser ouvida desaparecia.

Por muito tempo, acreditei que esse era meu papel: escutar sempre.
Mas aprendi, com o corpo, com a alma, que quem escuta demais também precisa de um espaço onde possa ser, simplesmente, humana.

Porque quando a dor não encontra escuta, ela se aloja.
No corpo.
No peito.
Nas escolhas.

Por isso, oferecer presença nos dias de hoje é um gesto imenso de amor.

Porque ninguém deveria precisar gritar para ser ouvido.

Escutar é mais do que ouvir palavras.
É perceber o que mora atrás do silêncio.
É sustentar a emoção do outro sem querer consertar.
É empatia na sua forma mais pura e transformadora.

A verdade é que todos nós precisamos de um lugar onde a fala não seja interrompida.
Onde possamos existir sem medo.
Onde alguém esteja ali, inteiro, só para acolher.

E, se você leu até aqui, talvez tenha se reconhecido.
Talvez esteja carregando demais.
Guardando demais.
E no limite de tanto calar.

Se for o seu caso, eu desejo que você encontre esse espaço.
Que tenha ao lado alguém que escute com o coração.
E que nunca mais precise se esconder para caber no mundo.

Mesmo num tempo tão barulhento, ainda é possível se encontrar no silêncio de uma escuta amorosa.

Se você sente que precisa colocar pra fora o que guardou por tanto tempo, saiba:
Eu estou aqui.
Não para te consertar.
Mas para te acompanhar.
Para te ouvir, de verdade.Vamos fazer isso juntas?

Clique aqui para agendar uma sessão comigo.
Vamos dar voz ao que você sente e espaço para o que quer florescer.