Você ainda sente o que sentia quando era criança?

O que a infância, a ficção e o autoconhecimento nos ensinam sobre as emoções

Quando foi a última vez que você se permitiu sentir algo plenamente? Não apenas perceber uma emoção, mas realmente se conectar com ela, como as crianças fazem, sem filtros, sem pressa, sem vergonha. A verdade é que muitos de nós aprendemos a engolir sentimentos ao longo da vida, muitas vezes sem perceber. O que começa como proteção emocional se transforma, com o tempo, em uma desconexão profunda com aquilo que sentimos.

Mas será que é possível reaprender a sentir? E onde, afinal, perdemos essa conexão?

A infância como escola emocional

Durante a infância, estamos em constante formação, não só física e cognitiva, mas também emocional. Filmes, histórias, brincadeiras e interações cotidianas são ferramentas poderosas de aprendizagem afetiva. O escritor Gabriel Quintero, por exemplo, defende que obras de ficção como E.T. e Lilo & Stitch não apenas entretêm, mas ensinam as crianças a sentir. Ele se baseia nas pesquisas do psicólogo Paul L. Harris, que mostrou como as crianças usam histórias para simular emoções que ainda não viveram, como medo, abandono ou saudade. Ao imaginar o que um personagem sente, a criança constrói uma espécie de “mapa emocional”, que será usado para reconhecer e lidar com situações futuras da vida real.

Esse processo se fortalece ainda mais quando um adulto pergunta, por exemplo, “Por que você acha que o alien está triste?” ou “Como você acha que a menina se sentiu ao perder o bichinho?” Esses momentos despertam empatia e ajudam a afinar a percepção emocional da criança. É como se, ao observar o outro (mesmo que fictício), a criança aprendesse também sobre si mesma.

Quando deixamos de sentir?

Com o passar dos anos, essa escuta interna vai se tornando mais difícil. A rotina, as pressões sociais, as exigências profissionais e os medos acumulados nos afastam da espontaneidade emocional que tínhamos na infância. Sentir tristeza vira “fraqueza”. Demonstrar medo vira “vergonha”. Sentir raiva vira “descontrole”. E assim, pouco a pouco, vamos silenciando nossa própria bússola interna.

A boa notícia é que esse afastamento não é definitivo. Emoções não desaparecem, elas apenas se escondem esperando um espaço seguro para emergir. E criar esse espaço é um dos primeiros passos para o autoconhecimento.

A ficção também ensina os adultos a sentir

Se as crianças usam a ficção para aprender a nomear emoções, os adultos também podem se beneficiar disso. Uma pesquisa publicada em 2024 na revista Communication Research revelou que pessoas que consomem regularmente obras de ficção científica desenvolvem maior empatia e senso de conexão com a humanidade. Segundo os pesquisadores, esse efeito acontece por causa da experiência do “encantamento”, um sentimento de admiração diante do desconhecido e da vastidão do mundo, que nos faz perceber o quanto somos parte de algo maior.

Assistir a um filme sobre o fim do planeta ou sobre civilizações distantes, por mais fantasioso que pareça, pode nos aproximar da nossa própria humanidade. Pode nos ensinar a lidar com perdas, dilemas morais, decisões difíceis e até a importância do cuidado com o outro. Tudo isso de forma simbólica, sensível e segura.

Por que reaprender a sentir importa?

Desconectar-se das emoções pode parecer funcional por um tempo, afinal, sentir dói. Mas também cura. Reconhecer o que sentimos nos ajuda a tomar decisões mais alinhadas com quem somos, a estabelecer limites saudáveis, a nutrir relações verdadeiras e a identificar o que realmente nos faz bem.

Sentir é o que nos torna humanos. E negar isso é como viver pela metade.

Terapia: um espaço para voltar a sentir com leveza

Muita gente ainda associa terapia a crises, dores intensas ou episódios traumáticos. Mas a verdade é que a terapia também pode (e deve) ser um espaço para reencontrar a si mesmo de forma leve, gentil e segura. Um espaço onde as emoções, muitas vezes esquecidas ou desacreditadas, voltam a ter nome, cor e sentido.

Na Essência Lotus, com a condução sensível e experiente da Dri Sogabe, você pode iniciar esse processo de reconexão emocional. Seja por meio de terapias integrativas, rodas de conversa ou atendimentos individuais, o objetivo é sempre o mesmo: ajudar você a se reencontrar com sua essência, e com as emoções que fazem parte dela.

Porque sentir, no fundo, é viver com verdade.